Hoje escrevo da praia. Está um sol maravilhoso e tá um vento refrescante. Ando mais bem disposta apesar de andar adoentada, ultimamente é alergias, é torcicolos é articulações enferrojadas, são mesmo sinais de velhice. Sai no fim de semana com a famelga e adorei o sitio onde fomos. Hoje aconteceu uma coisa na praia, quando chegámos iamos alugar uma barraca e estava uma senhora que não era Portuguesa numa barraca que só tinha alugado de manhã e, por isso, não devia estar ali. Ora a senhora que aluga as barracas não é própriamente dotada de conhecimentos de outras linguas que não a sua e a senhora que estava na barraca falava inglês. Eu senti uma vontade muito grande de ajudar mas senti-me retraida até que olharam para mim incluindo a senhora estrangeira na esperança que eu entendesse alguma coisa daquilo e eu, vá, lá me aproximei e expliquei à senhor que não podia estar ali a não ser que pagasse mais uns euros. Quando acabei de falar estava a tremer. E não era nervosismo ou sensação de estar a tremer, era ter as pernas a tremer desalmadamente como se estivesse a perder as forças. Descalcei-me para disfarçar a coisa. É muito estupido ficar com essa sensação por causa disto, mas é uma coisa que não dá par controla, é esquisito mas não dá para controlar. Bom, mas a sensação que fiquei foi de que afinal sou capaz, aliás, eu fui a londres numa visita de estudo há anos e já lá fiquei com a sensação que dentro do ambiente e com a necessidade de falar inglês eu fazia-o normalmente sem me atrapalhar muito ou tanto como imagino. Mas fiquei com a sensação que tinha sido porque estava em inglaterra e lá tinha que ser e enfim, fiquei com a sensação que aqui não era capaz porque ia sentir muita vergonha. Depois, há uns tempos, não sei se cheguei a falar aqui mas o meu pai estava a fazer um negocio com um homem que era do Norte da Europa, não sei bem a nacionalidade mas falava Inglês. Bom, no negocio havia um interprete mas o meu tio resolveu leva-lo a jantar para ele não ficar no hotel só que não sabia falar inglês. No restaurante onde ele foi estava eu e o meu pai e lá ficamos todos a jantar. Foi um silêncio assustador. O meu tio perguntou-me se sabia falar e eu disse que não falava muito bem então não ajudei nada. Senti-me ridicula em frente ao meu tio e senti-me estupida por ver o homem ali calado sem saber exactamente escolher o que queria para jantar e beber e doi muito mau, ainda hoje de me lembrar fico mal. Detestei não ajudar o homem e podia faze-lo mas a vergonha impediu-me. Hoje já consegui, lá falei com a senhora, ela entendeu-me perfeitamente e eu a ela e a coisa correu como em Londres. Foi muito bom, axo que me dá um bocadinho mais de confiança, como se me mostrasse que às vezes tenho tanto medo mas afinal sou capaz enfim. Não foi uma grande coisa mas deixou-me bem comigo. E resolveu-me um bocadinho a questão do outro homem porque até hoje fico mesmo mal por me lembrar que não o ajudei a entender-se melhor. Bom, tentei enquadrar isto nas caracteristicas que disse à psicologa que não tinha mas não encontrei bem um sitio onde isto se encaixasse. Isto não faz de mim mais forte ou mais sincera, enfim, mas o facto é que me soube bem enfrentar uma coisa que tinha medo mas que vi que sou capaz. Para além disto não há assim mais nada para contar, estou a ver se encontro mais coisas para fazer com a familia aos fins de semana que é o que me tem apetecido. Se alguém andar a fazer alguma coisa que partilhe, agradecem-se sugestões.
See ya