saga de uma tímida/insegura/atrapalhada/parva cujo dom é sonhar

Terça-feira, 10 de Agosto de 2010

Hoje vou fazer dois posts desinteressantes. Neste vou falar da reportagem que disse que vi no outro post anterior. Fiz isto num post diferente porque basicamente eu mostro os meus posts à minha psicologa e não me apetece falar disto com ela, penso nisso mas ainda não falei com ela. Vi uma reportagem sobre a POC, patologia obcessiva compulsiva. Axo que já escrevi sobre isso aqui mas não gosto muito de ir ler posts anteriores então talvez vá desabafar coisas que já desabafei antes (como se os meus posts não fossem habitualmente iguais). Eu tenho um problema com isso. Tenho rituais. Ridiculos e tenho vergonha. Não sei exactamente quando comecei a te-los talvez já tenha visto alguma coisa na infancia mas na adolescencia é que comecei a ter comportamentos mais acentuados. Lembro-me de ter visto aquele jogador do benfica a cair no estadio e isso marcou-me e nessa altura tinha medo de fazer exercicio fisico e assim porque tinha medo de forçar o coração. Talvez tenha sido nessa fase, depois da anorexia (que por si já era um comportamento obcessivo) que comecei a engordar porque ao mesmo tempo que comecei a fazer uma alimentação normal comecei a ter medo de fazer exercicio e digo que algumas aulas de aducação física foram um problema para mim, axo que só controlei alguns ataques de pânico porque não queria que ninguém soubesse que tinha medo de sentir o coração bater mais depressa e ficava muito preocupada. Depois comecei a ter medo de ouvir noticias semelhantes, levantava-me e ia à casa de banho para ninguém perceber mas axo que perceberam que eu preferia tapar os ouvidos do que ouvir aquilo e até saber sintomas de doenças dese genero. Depois comecei a ter medo da morte. chamei a minha mãe algumas noites para dormir comigo e dizia que tinha tido um pesadelo mas era medo que eu tinha, medo de pensar aquilo. Depois comecei a ter medo não por mim mas pelas pessoas que amo. Era complicado e ainda é mas agora já não é aquele panico que tinha à noite, quando estava sozinha. Comecei a dormir com a luz acesa e depois com a televisão. Os comportamentos obcessivo compulsivos exactamente não sei quando começaram axo que no inicio eram coisas simples, tipo superstição mas agora a coisa está um bocado diferente. Entrar no quarto envolve um ritual, ir à casa de banho, ligar as lizes, ligar a televisão, mudar de canal, escrever, ler enfim. Há alturas que estou irritada, tão irritada porque tenho que fazer aquilo e nunca mais parece estar bem e já houve alturas que amarrei no cabelo com a força que tinha com os nervos. Hoje ao ver a reportagem o meu pai riu de algumas coisas que algumas pessoas faziam e realmente aquilo é comico, eu conscientemente posso saber disso ao mesmo tempo que o faço mas como é que uma pessoa pode compreender aquilo. Na reportagem falavam das pessoas serem inteligentes, bem sucedidas e com boas notas e organizadas. Eu não sou nada disso as minhas notas são o que se sabe agora e não sou organizada. Aliás uma das coisas que me denuncia mais tem a ver com uma desorganização que envolve tapetes desarrumados e eu sei como isto soa, acreditem que sei. Já pensei se a minha mãe não desconfia. Tenho vergonha que as pessoas descubram, tenho vergonha do que faço. Faço-o para proteger as pessoas como se fosse uma superstição. Vi na televisão eles a mostrarem como faziam e assustei-me porque eram os gestos que eu fazia, quem via deve ter achado esquisito deve ter achado que eles tavam a representar para a camara os gestos que faziam mais ou menos mas era mesmo assim eu fazia aquilo e ver foi esquisito deixou-me envergonhada e com um sentimento esquisito. Quando descobri que isto era um problema e que afectava algumas pessoas foi numa série policial em que de repente vejo a descrição de coisas que eu sentia. Não me informei muito sobre o assunto mas acabei por ficar mais atenta se calhar quando o tema se falava na televisão. Quando as pessoas estão a ver eu sou discreta e até não faço muitas coisas e por isso é que estar no meu apartamento na faculdade faz com que eu tenha problemas em ficar lá. Já falei muitas vezes que estar lá sozinha me punha triste e tal, mas também há o facto de poder fazer essas coisas porque não está ninguém a ver e como não estou com as pessoas que amo fico nervosa e faço de tudo para protege-las com essas coisas. Cheguei a tomar banho menos vezes porque estar sozinha na casa de banho e despir-me e arrumar a roupa e abrir a água e fechar a água e tudo isso me fazia entrar num estado que evitava. É humilhante isso e axo que dá para perceber porque não disse a ninguém. Na reportagem falaram de isto ser uma doença mental. Uma doença mental, caramba. Não sei dizer a sensação que isso me dá. Não me sinto com uma doença mental, no sentido que as pessoas dão à coisa. Tenho medo dessas coisas, tenho medo de estar maluquinha. Eu axo que posso resolver isto sozinha (estou sempre a ouvir isto na televisão, e normalmente são pessoas que precisam de ajuda) às vezes estou melhor, mais bem disposta e penso que não vou fazer aquilo e tal e até me sinto bem, mas para além do habito eu tenho variações de humor e quando estou mais stressada tenho medo e volto a fazer as coisas ou outras enfim. Já me cheguei a magoar, não a cortar os pulsos ou nada disso como se possa pensar, mas a magoar-me. Cansa. Eu sei que é um problema, sei que tem que ser resolvido mas parece que como só me afecta a mim e muitas vezes até parece que nem me está a projudicar ou mesmo a custar, não vale a pena aparentemente estar a dizer a alguém. E falava no outro post que estive a pensar que se ás vezes não tenho medo de contar estas coisas e de ser ajudada e deixar de ter no fundinho aquela coisa que me diz, não consegues, estavas cansada, não estudas-te, não tens mais autoestima ou és envergonhada porque estas stressada com aquilo. E depois que justificação arranjaria, não consegui porque não sou boa, não estudei porque sou preguiçosa. As pessoas provavelmente não conseguem perceber isto, eu também não percebo e compreendo que cause riso, é ridiculo de facto estar como aquele rapaz a alinhar uma hora as rodas de um caixote do lixo. Ainda não me deu para isso mas andar de um lado para o outro no meu apartamento quando estou atrasada para ir para as aulas isso já fiz. Aliás, houve alturas muito stressantes em que, por estar atrasada para ir para as aulas e assim ainda tinha que fazer mais coisas, é como se me estivesse a penalisar, e apesar de ser assim e de não ser muito pontual, cheguei muitas vezes atrasada por causa disso e em testes nem vale a pena falar, com o stress de chegar a horas a coisa fica um bocadinho dificil. Quando escrevo no blog por exemplo, não chego aqui e escrevo e pronto, não me apetece dizer o que faço, axo que tenho vergonha, mas quando às vezes o texto esta todo mal escrito, com pontuação esquisita e erros ortograficos não é porque eu não sei escrever porque eu até dou muito valor à lingua portuguesa e a escrever bem. Talvez tenha que dizer isto à minha psicologa. E se ela me diz que tenho que ir a um psiquiatra e se ela me diz que tenho que fazer um tratamento e se me diz que tenho que fazer como aquelas pessoas e fazer um genero de reabilitação. Eu não quero nada disso, e so o facto de ter que ir lá e ela me começar a perguntar o que faço, eu ia ter muita vergonha, mesmo sendo ela uma profissional, é uma pessoa e eu própria fico ademirada com o que outras pessoas contam que fazem. Tive anorexia e fiquei melhor sem ajuda de um médico, talvez consiga ficar bem agora. É por isso que eu me eduquei a não julgar as pessoas, tento mesmo não faze-lo porque eu sei que as vezes as coisas parecem faceis e parecem ridiculas mas cada um sabe as suas razões e sabe o que lhe custa algumas coisas, não se deve julgar as pessoas e deve-se tentar ver o lado de toda a gente. Eu estou a contar isto num blog, ninguém sabe quem eu sou, imaginem se eu contasse isto a amigos ou à minha familia, claro que a minha familia me ia apoiar e eu confio muito neles mas como é que eles iam entender que eu tenho que desligar a luz de uma certa maneira e essas coisas que eu faço. E falando agora de um aspecto que me lembrei é que isto afecta-me também neste aspecto, aqui em casa eu sou desleixada e preguiçosa. Eles dizem isto porque as vezes me pedem para fazer qualquer coisa e eu não quero fazer porque tenho que fazer tanta coisa para concretizar o que eles me pediram que fico nervosa. Podem pedir-me por exemplo para por a mesa e eu penso que vou ter que abrir o armário e pegar na toalha e desdobra-la, po-la na mesa esticadinha e centrada, pegar nos pratos se calhar com a mesma mão, por os pratos na mesa e se calhar por o que está por baixo para mim e ir buscar os talheres e se tiver que ir buscar um à gaveta porque não havia mais na maquina esse fica para mim, enfim, acho que nem eu as vezes sei bem as coisas que faço e são tantas. Então, eu penso nessas coisas que vou fazer e para não ter esse trabalho todo que me causa stress e até para não fazer nenhum erro, prefiro não fazer e acreditem que já me senti muito irritada por me chamarem preguiçosa e desleixada, eu a stressar com aquilo e a sofrer com aquilo e chamavam-me preguiçosa e desleixada e eu nem podia dizer nada porque eles tinham mesmo que axar e pensar isso. Agora já vou educando algumas coisas, axo que houve um dia que pensei, eu não sou assim eu sei porque estou a fazer isso por isso calma porque eu não sou assim tão mazinha e incompetente e axo que aí fiquei mais calma em relação a certas coisas. É impressionante as coisas que a nossa cabecinha faz, somos tão complexos, eu tenho isto e estou a tomar consciencia disso e ponho-me pensar que há outras pessoas com o mesmo problema que eu e com outros como a cleptomania estou agora a lembrar-me. Provavelmente também é uma POC, afinal eu percebo-os e nunca pensei nisso. Isso deixa-me confusa, acho que é porque afinal eu também era capaz disso, deu-me para outro lado podia-me ter dado para isso, toda a gente é capaz de sentir o mesmo e por mais que quem não tem esse problema diga que toda a gente é capaz devem ser poucos os que realmente têm noção que eram realmente capazes, como eu agora de repente percebi a semelhança do meu problema com os cleptomaniacos. Isto assusta-me mas fascina-me. Amanhã se calhar vou pensar porque é que escrevi isto e que não devia ter postado estas coisas mas se calhar esta reflexão fez-me bem e vou publica-la apesar de axar que não me vai apetecer tocar muito mais no assunto. Provavelmente não vai haver quem leia este post e compreenda, mas se alguns lerem mesmo assim o texto até ao fim (e desde já parabens lool) espero que tenham noção de como somos hipócritas e julgamos toda a gente mesmo sem notar e depois vamos a ver e somos como eles.

See ya

escrito por sonhadoraincuravel às 00:46
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Olá,
Nunca tinha visto o teu blog, encontrei-o por acaso (estamos em Agosto e há pouco a fazer no trabalho).
A razão por que te escrevo é para te confortar. Eu também tenho POC. Nunca fui a um psicólogo, mas tenho. Nunca tive aqueles rituais de tepetir as mesmas coisas, a mim o que sempre me afectou mais foi a sujidade e as doenças contagiosas. Nojo de tocar nisto, naquilo, ir a correr lavara as mãos... mas vai dar tudo ao mesmo.
Já estive pior, tive uma crise grande que espero nunca voltar a ter. Sentia-me a escorregar... mas passou, e com a ajuda da única pessoa que me poderia ajudar: EU!
Ainda tenho as minhas manias, mas vou vivendo com elas, acho que são consideradas normais (toda a gente tem manias, não é mesmo). Posso dizer que a minha doença agora está inactiva, mas não sei se voltará, espero que não.
O conselho que tenho para te dar é para te acalmares, a mente funciona de maneiras muito estranhas, e não, NÃO ÉS MALUQUINHA! Tens consciência de que o fazes está mal e não tem sentido, certo? Logo não podes estar maluquinha.
Beijinhos, vais ver que passa, a vida é feita de fases.
Daniela a 10 de Agosto de 2010 às 11:14

ontem na reportagem também vi esse lado da coisa com a contaminação e a sujidade, nunca tinha pensado nisso, já sabia mais ou menos o que é a doença mas não tinha pensado nisso relacionado com a poc. ontem depois de escrever isto e de ver a reportagem e mesmo agora cm o teu comentario axo que estou um bocado mais forte ou com um bocado de determinação, como sou uma pessoa muito insegura até axo que se conseguir por a cabeça no sitio até vai ser uma coisa que me vai dar um bocado de confiança e força. Hoje estive a tentar não fazer tantos rituais e estar mais relaxada e olha que foi mais complicado do que pensava porque começava a fazer outros enfim e causou-me algum stress mas por acaso o medico receitou-me um ansiolitico fraquito e vou tomar para ver se me faz bem. obrigada pelo comentario beijinhos

Eu li :D Támbém vi a reportagem e estava muito bem feita, o que mais me impressionou foi o rapaz que era muito organizado etinha tudo por milimetro. E tens razão, às vezes julgamos as pessoas sem saber ao certo aquilo que está a acontecer e fazemos ideias erradas. Em relação a ti, pode ser que não seja mesmo a doença que falam na reportagem. Podes ter-te identificado com algumas coisas mas devias ler mais sobre isso, os sintomas e ver se te identificas maioritariamente com todos, porque com relatos das pessoas não dizem muitaas vezes tudo, apenas as vivências. Se isso acontecer, é melhor procurar ajuda e não teres vergonha, porque é a tua saúde. Também não tens de contar a todos nem todos tem de saber, embora a família seja essencial porque são as pessoas com quem temos laços mais fortes. No entanto, não penses muito nisso, pensa em algo mais positivo e menos suposições. Fica bem Beijinho
DolceScrittora a 10 de Agosto de 2010 às 15:22

não são suposições eu sei que tenho o problema da poc mas o que disse ontem e a reportagem axo que ajudou a ganhar alguma confiança. vou tentar ser forte. hoje estive mais bem disposta, é impressionante mas nos espelhos de casa eu não fico tão tão triste om o meu corpo nas lojas é que é aquilo. Beijinhos

Olá..eu tenho POC..desde pequeno que me lembro de ter comportamentos obcessivos e compulsivos..sentia me um pouco esquisito/estranho pois nao via isso nas outras pessoas...nao sabia que havia uma doença associada , antes pensava que fosse de mim , da minha personalidade ...Só á pouco tempo quando vi uma reportagem na tvi , acho eu, é que me revi naquelas pessoas e por incrivel que pareça senti me aliviado pois senti me que nao estava só , que nao era o unico...a minha poc é muito diversificada : ja tive atrofios com a limpeza , com o tocar nas coisas , em tocar no meu corpo , e ultimamente surgiu me o pior de todos - tou constantemente preocupado se disse mal das pessoas mais importantes da minha vida , tá me sempre a surgir na mente pensamentos que faz com que pense que eu disse mal , e depois fico bastante inseguro , preocupado e ansioso pois se há coisa que jamais faria e nao ficava de consciencia tranquila era dizer mal das pessoas que mais admiro e fico bastante inseguro e com medo de perder as pessoas que mais gosto ..é muito mau e rouba me muito tempo do meu dia-a-dia...É sempre um peso no meu dia-a-dia..
Diogo a 20 de Dezembro de 2010 às 02:52

Olá...andava a fazer uma pesquisa sobre poc e encontrei este blog.vejo que estes comentários já têm 1 ano por isso não sei se ainda obterei resposta, mas sendo eu tb portadora de poc seria bom falar com alguém na mesma situação.obg e espero que alguém ainda comente.bjs
pinguim a 17 de Agosto de 2011 às 21:34

ola responi tardeas respndi. Sim eu tenho POC e estou numa fase em que ando mesmo a fazer aquelas coisinhas todas enfim.... eu ja nem sei exactamente o que diz o post e sinceramente não me apetece ler lool desculpa a preguiça mas comigo manifesta-se quer a tocar em coisas quer em ler varias vezes em algo enfim é complicado. O que motiva isso é a protecção da minha familia isto é é como se fosse uma superstição em que tenho que fazer aquele sacrificio para proteger a minha familia de algo. é dificil então pensar assim "va desta vez vou-me controlar" porque depois penso "e se acontecer algo e se fico culpada e se isto e se aquilo" enfim. Não tem jeito nenhum e é complicado viver com isso, explicar isso a nos proprios mas descobri recentemente que não é assim tão incomum como isso, tenho um amigo que tem e um primo pequenino que tem. E contigo como se manifesta? tens a noção do porque isso se passa contigo e ja pediste ajuda? Beijinhos


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